quinta-feira, 14 de maio de 2009

porta-bandeira de si mesmo





A chuva veio ontem por volta das 22 hrs. O céu nesse dia amanhaceu tranquilo, nem sinal de surpresas, embora estivesse muito abafado, sem vestígios de ar pelo espaço e ambiente. Minha empregada disse que havia visto na televisão no outro dia a respeito de um vendaval que iria dár aqui perto do Paraná. E quando disse isso, replicou "querem dár uma de Deus", e saiu continuando a passar pano pelo chão da cozinha. Na hora eu sorri de leve, mas por dentro fiquei sorrindo por horas. Imaginei que ciências e um pouco de lógica, nada tinha a ver com crenças, ao menos sobre o clima, era possível já determinarmos alguma coisa, seriam possibilidades e hipóteses, que de acordo com estudos metereológicos, podemos nos proteger antes. E, tudo o que é bom para nos protegermos antes, é útil e vale a pena, a chamada prevenção. Mas sentir um pouco da chuva, enquanto corria e subia as escadas da igreja, só para ficar num lugar em que a chuva não me assolasse, foi bom também. O chão estava escorregadio, nesse período é dobrado a atenção. Mas nossos pensamentos tendem a devaneios, a divagar pelos lados de nossa mente que até então estavam já guardados em caixas, soterrados. Não que eu pensei coisas ruins, mas me fez refletir, me parece que a chuva ao menos em mim, causa isso, uma deliberação profundo a respeito da minha vida e as circunstâncias em que me encontro no momento. Havia alguns casais namorando perto da igreja, alguns abraçados, outros nos beijos e carícias, muito ternas por sinal. Olhei de ímpeto com inveja, mas logo me desfez essa inveja, por saber no sufoco que poderia estár se encontrando aquela garota nos braços daquele menino. Sim, esses ombros largos e fortes, robustos, magro, mas os ombros nos passam uma segurança tremenda, é como estár numa casa contra a chuva, raios e trovões. Mas, de que adianta, caso o raio vá nele, ele morre e fiquemos só. Ah sim, o sufoco. Então, imaginarmos esse abrigo, é lindo. Essa sensação de abrigo é maravilhosa, até se tornar um casulo caustrofóbico, que pode se transformar numa segurança ao contrário... parecendo areia movediça, quando mais nos afundamos mais estamos submetidos a essa força circunstâncial, e menos protegidos estamos, apesar de acharmos no instante, que estamos totalmente IMORTAIS. Sim, porque dá-se a impressão de que nunca iremos morrer. Dessa sensação que eu falo, dessa falsa impressão. É claro, tê-la é um incentivador, uma expectativa boa, para se manter próximo a alguém... Mas imaginemos que só seja essa sensação a coisa boa da relação e mais nada importa. Tu faz o outro de escora e de mola, assim como quando tu cai lá no poço essa pessoa vem e te empurra para cima. Isso desencadeia algo vicioso, e é difícil sair... Quando você percebe isso, já é um passo adiante. Nisso, desisti, a inveja foi-se embora, e a vontade de estár só, falou mais alto. A vontade de primeiro lidar melhor comigo, me transformar porta bandeira do meu mundo, e depois, conseguir compartilhar a minha força, e não minhas fraquezas momentâneas, com alguém. Já existe até um ditado.. "procuramos sarna para se coçar", pois é !!
Seja porta-bandeira de si mesmo também, estamos na luta, todos!

Um comentário:

R. disse...

Adorei esse texto.

Sim, concordo que estamos todos na luta, pena não termos a "prevenção" pra tudo, mas na verdade, sentir a chuva caindo sobre a cabeça de surpresa, em um dia em que você está sem guarda-chuva também é algo bom... na verdade, eu acho que as melhores coisas acontecem nesses momentos de "desprevenção"...

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